quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Rio: bombeiros foram presos por desobediência, diz governo


A Secretaria de Estado de Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro informaram, em nota divulgada no fim da manhã desta quarta-feira, que o capitão Alexandre Machado Marchesini e o cabo Benevenuto Daciolo Fonseca dos Santos foram presos nesta madrugada pelo crime militar de desobediência. De acordo com a nota, a medida foi necessária já que ambos se recusaram a se retirar da porta do Palácio Guanabara, mesmo após diversas solicitações.

Os bombeiros estão detidos no Grupamento Especial Prisional (GEP), em São Cristóvão, e o procedimento de prisão será encaminhado à Auditoria de Justiça Militar, que assumirá a condução do processo, já que se trata de crime militar.
 
Nova manifestação

Nesta manhã, um grupo de bombeiros continuava acampado em frente à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), no centro do Rio, onde deverá ser realizada nova manifestação nesta quarta-feira. Lideranças do movimento informaram que a ordem de prisão na madrugada partiu do corregedor-geral, coronel Marcos Tadeu, e do sub-comandante do Estado-Maior do Corpo de Bombeiros, coronel Jorge Alcântara, que acompanhou a manifestação da categoria desde o começo da noite de terça-feira na porta do Palácio Guanabara.
 
As prisões interromperam a greve de fome que os líderes pretendiam fazer até as 11h desta quarta-feira. Daciolo e Marchesine tinham decidido acampar em frente ao Palácio Guanabara, do outro lado da Rua Pinheiro Machado, onde montaram uma pequena barraca para passar a noite. A prisão dos líderes surpreendeu os grevistas, que saíram da porta do Palácio após um acordo com o comando da corporação.
 
"Nosso líder é Jesus Cristo. Nós temos vários porta-vozes e exigimos ser tratados com dignidade. A arbitrariedade da prisão de Daciolo e Marchesine não significa que daremos um passo para trás. Como o governador disse, o funcionalismo público não é um peso para a folha de pagamento. Portanto, eu pergunto que País é esse?", disse o sargento Pedro Ivo, um dos porta-vozes do grupo.
 
Bombeiros na cadeia

Cerca de 2 mil bombeiros que protestavam por melhores salários invadiram o quartel do Comando-Geral da corporação, na praça da República, em 3 de junho. Os manifestantes chegaram a usar mulheres como escudo humano para impedir a entrada da cavalaria da Polícia Militar no local. No entanto, o Batalhão de Choque da PM (Bope) invadiu o quartel por volta das 6h do dia seguinte e prendeu 429 bombeiros e dois PMs.

Após os manifestantes acamparem em frente à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), foi concedido habeas-corpus aos detidos e os bombeiros começaram foram libertados em 11 de junho. No dia 13, a Justiça aceitou denúncia do Ministério Público e tornou réus os 431 militares por motim, dano em material ou aparelhamento de guerra, dano em aparelhos e instalações de aviação e navais e em estabelecimentos militares. No entando, devido à repercussão dos baixos salários da categoria, tanto a Assembleia do Rio quanto o Congresso Nacional receberam projetos para que eles fossem anistiados de punições criminais e administrativas.
 
A situação dos bombeiros no Rio vinha se tornando mais tensa desde maio, quando uma greve de guarda-vidas, que durou 17 dias, levou cinco militares à prisão. A paralisação acabou sendo encerrada por determinação da Justiça. Segundo eles, os profissionais recebem cerca de R$ 950 por mês.

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